Transporte sob demanda

por Fabi Lins 1.763 views0

Com algumas experiências pelo Brasil, o transporte sob demanda, também chamado on demand transport, tem conquistado a preferência dos passageiros. Trata-se de uma alternativa intermediária entre o transporte coletivo e os sistemas de aplicativo, em que o usuário pode escolher o veículo, horários e rotas por meio do celular, com mais flexibilidade e conforto.

Transporte público no Brasil

Enquanto o on demand transport ainda é uma novidade, o transporte coletivo, em geral, funciona a partir de rotas e horários pré-estabelecidos e, ao embarcar, os usuários pagam uma tarifa pelo serviço.

“O transporte público de alta capacidade permanece, e permanecerá, como espinha dorsal da mobilidade urbana sustentável, mas a multiplicidade de soluções complementares que se integram à malha urbana complexifica o mercado”, explica o empresário de transportes, Jacob Barata Filho.

O transporte público no Brasil enfrenta diversos desafios, o que tem levado a uma crescente perda de passageiros nos últimos anos. Esses desafios têm relação direta com a falta de eficiência da mobilidade urbana no Brasil. 

Tratar da questão sobre o que é mobilidade urbana significa discutir a facilidade ou a dificuldade de deslocamento das pessoas no dia a dia. Quanto mais eficiente a mobilidade, maior a sensação de bem-estar e qualidade de vida dos cidadãos em seus deslocamentos rotineiros.

Porém, são inúmeros os desafios da mobilidade urbana no Brasil. O principal é o grande tráfego de carros individuais, que compromete o trânsito nas médias e grandes cidades, fazendo com que quem anda de ônibus também fique preso nos engarrafamentos.

Além disso, de acordo com a Associação Nacional das Empresas de Transportes Urbanos (NTU), apenas 52% dos municípios possuem serviços de transporte público no Brasil, o que representa um número insuficiente.

Nesse sentido, para discutir como melhorar a questão da mobilidade urbana no Brasil, é necessário justamente priorizar o transporte coletivo, seja o modelo convencional, sejam novas iniciativas, como o transporte sob demanda.

Sobre esse assunto, vale conhecer o projeto Pioneiros do Transporte, que resgata a trajetória e a evolução do transporte urbano no Rio de Janeiro, a partir de entrevistas com pessoas importantes para a história do transporte na cidade.

Além de relatar a história dos ônibus na capital carioca, o projeto também destaca os desafios da gestão em relação aos transportes em uma metrópole como essa.

Transporte coletivo sob demanda: como funciona

O transporte sob demanda tem um funcionamento muito semelhante ao de aplicativos como o Uber. Na prática, o usuário faz a solicitação do ônibus por um aplicativo online, confere a rota do veículo e dirige-se até um dos pontos de embarque da linha em questão.

Ao fazer a solicitação, o passageiro também tem acesso ao valor da taxa pelo serviço. Como se trata de uma alternativa ainda usada para poucas distâncias, a tarifa não costuma ser muito maior do que a paga pelo transporte coletivo convencional.

Como vantagem, o passageiro desfruta da flexibilidade de chamar o ônibus quando quiser, economizando tempo, além de usufruir de benefícios como ar-condicionado, Wi-Fi e televisão em muitos dos veículos.

Essa solução, além de beneficiar os usuários, também impacta positivamente na mobilidade, já que pode fazer com que usuários do transporte individual migrem para essa iniciativa de transporte coletivo mais eficiente. Isso contribuiria para reduzir os congestionamentos e o tempo despendido em cada trajeto e ajudaria a reduzir a poluição do meio ambiente.

“A oferta de mobilidade é cada vez mais sofisticada e plural, o desafio de operadores e autoridades é construir modelos de governança que preservem a missão da mobilidade urbana, servir ao bem público, mas sem perder a perspectiva do negócio”, afirma Jacob Barata Filho.

Em Goiânia, o serviço de transporte on demand está disponível no aplicativo CityBus 2.0, que atende a 11 bairros próximos ao centro da cidade, atuando em 9 km de extensão. Ele é recomendado para distâncias curtas e a tarifa custa cerca de R$ 7,00.

Mesmo na fase de testes, o serviço já mostrou-se vantajoso: nos primeiros 30 dias, teve um aumento de 20% no número de viagens realizadas e registrou um índice de aprovação de 4,9, em uma escala que vai até 5.

Outras cidades também têm implementado o transporte sob demanda. É o caso do TopBus+, em Fortaleza, e do UBus, em São Bernardo do Campo (SP).

Inovação e tecnologia no transporte público

O transporte sob demanda é um dos exemplos de como a tecnologia pode impactar no transporte urbano, tornando o serviço cada vez mais eficiente, mas não é o único. A partir da telemetria, por exemplo, é possível monitorar os ônibus em tempo real e identificar qualquer ocorrência assim que ela aconteça.

Os sistemas de comunicação também têm sido aprimorados para facilitar o contato com os motoristas. Em muitas cidades, a disponibilidade da bilhetagem eletrônica tem reduzido o tempo de embarque e a identificação de gratuidades a partir do reconhecimento facial tem facilitado a validação deste direito.

Essas e outras tecnologias impactam diretamente na eficiência do transporte urbano. Elas garantem agilidade no processo, redução de custos a longo prazo, mais assertividade no planejamento e gestão do serviço, além da preservação do meio ambiente com a promoção da sustentabilidade.